Pioneira e relevante, discografia solo de Fernanda Abreu tem edição digital
Publicado em 11/08/2016 17:18
Música

 

No embalo da consagração de Amor geral, revigorante álbum de músicas inéditas lançado por Fernanda Abreu em maio, seis dos sete títulos anteriores da discografia solo da cantora e compositora carioca chegam amanhã às plataformas digitais em edição da Sony Music. Somente o disco gravado há dez anos na série MTV ao vivo, pertencente ao acervo da Universal Music, permanecerá inédito no formato digital.

 

Abreu tem uma das discografias mais relevantes da década de 1990. Projetada como vocalista da banda carioca Blitz, na qual era mera coadjuvante das piadas de Evandro Mesquita, a artista soube se reinventar e redefinir a personalidade artística a partir de 1990 com a edição do primeiro álbum solo. Lançados originalmente pela gravadora EMI, os discos disponibilizados – enfim – nas plataformas digitais resistem bem ao tempo, embora alguns sejam ousados retratos musicais da época em que foram gravados. Os três primeiros álbuns, em especial, são antológicos.

 

Marco zero da discografia solo de Abreu, Sla radical dance disco club (1990) foi pioneiro no Brasil no uso de samples e na mistura da linguagem da dance music com a disco music dos anos 1970. A música A noite (Fernanda Abreu, Luiz Stein e Carlos Laufer, 1990) lacrou nas pistas da época enquanto a charmosa balada Você pra mim (Fernanda Abreu, 1990) tocava nas rádios.

 

No álbum seguinte, Sla 2 – Be sample (1992), Abreu expandiu a linguagem eletrônica e consolidou a imagem de garota carioca suingue sangue bom com Rio 40 graus (Fernanda Abreu, Carlos Laufer e Fausto Fawcett, 1992) em gravação feita com Fausto Fawcett. A música se tornou um dos hinos extraoficiais da partida cidade do Rio de Janeiro (RJ). Mas Abreu foi além do Rio e mostrou que o Brasil continuava sendo o país do suingue de Jorge Ben Jor, de quem recriou Jorge da Capadócia (1975) com inspiração e modernidade.

 

Da lata (1995) foi o álbum que Fernanda Abreu subiu o morro – conduzida pelos produtores Liminha e Will Mowat - na cadência do samba-funk. Sem medo de ser feliz, a cantora destilou todo o veneno da lata em disco que caiu no suingue brasileiro com pegada contemporânea. Detalhe: nas músicas Tudo vale a pena e Dois, Fernanda firmou parceria com Pedro Luís, nome então conhecido somente no circuito alternativo carioca, no qual militava desde os anos 1980 em bandas como Urge.

 

Raio X – Fernanda Abreu revista e ampliada (1997) foi disco de caráter retrospectivo, mas feito sem preguiça e com elenco estelar. Entidade urbana (2000) e Na paz (2004) deram sequência à obra solo da cantora com menores teores progressistas, mas consolidaram a identidade artística da garota carioca. Que então fez o CD e DVD MTV ao vivo (2006) antes de ficar dez anos sem lançar um álbum, voltando somente com Amor geral, disco que avança em relação à discografia anterior da artista sem deixar de reciclar elementos contidos nestes álbuns anteriores que, enfim, se alinham com a modernidade digital e chegam às plataformas de streaming para serem apreciados por novos e velhos ouvintes.

 

 

Fonte: Portal G1 - Foto: Divulgação

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