A supremacia dos sambas-enredos das escolas Beija-Flor de Nilópolis e Estação Primeira de Mangueira, na fraca safra do Carnaval carioca de 2017, já tinha sido detectada por este colunista e crítico musical do G1 na audição do disco com os sambas das 12 agremiações cariocas e fluminenses que desfilaram pelo Grupo Especial (leia aqui a resenha do disco) no domingo e na segunda-feira de Carnaval. Os desfiles confirmaram o favoritismo dos dois sambas, embora nenhum deles tenha aparente cacife para atravessar gerações e passar na peneira do tempo.
De todo modo, o samba da Beija-Flor, Iracema, a virgem dos lábios de mel (Claudemir, Maurição, Ronaldo Barcellos, Bruno Ribas, Fábio Alemão, Wilson Tatá, Alan Vinicius e Betinho Santos), deu à escola de Nilópolis um favoritismo no quesito que é praticamente inédito na história da agremiação – como reconheceu o próprio puxador do samba, Neguinho da Beija-Flor, em entrevista ao telejornal RJ TV, da TV Globo.
Embora a Beija-Flor já tenha desfilado com grandes sambas (sobretudo na segunda metade da década de 1970), ela nunca tinha sido a favorita absoluta no quesito. Fato reiterado pela merecida vitória no Estandarte de Ouro, prêmio concedido pelo jornal O Globo ao samba da azul-e-branco na manhã de hoje, 28 de fevereiro.
Já o samba da Mangueira, Só com a ajuda do santo (Lequinho, Junior Fionda, Gabriel Martins, Flavinho Horta, Gabriel Machado e Igor Leal), roça o bom nível do samba da Beija-Flor, embora esteja aquém do histórico da escola verde-e-rosa neste quesito em que a Estação Primeira geralmente fica entre os primeiros lugares. Terminados os desfiles, ficou evidente que os dois sambas se destacaram no conjunto de obras pouco inspiradas.
Destaques à parte, nada apaga a sensação de que, neste ano de 2017, o Carnaval do Rio não legará sambas-enredos para a posteridade, em que pese a superioridade dos sambas da Mangueira e da Beija-Flor, escolas que fizeram bonito no quesito, seja qual for o resultado oficial do Carnaval do Rio de Janeiro.
Fonte: Portal G1 - Foto: Divulgação