'Swing veneno' da dupla Figueroas surte efeito reduzido em disco linear
Publicado em 28/02/2017 22:53
Música

 

O formato CD está tão desvalorizado pelas gravadoras que o encarte da edição em CD do segundo álbum do grupo Figueroas, Swing veneno (Laja Records / Deck), soa ilegível, dando impressão de ser mera reprodução do encarte produzido para a edição em LP. Mas esse é apenas um dos problemas do disco da dupla formada por Givly Simons e Dinho Zampier em Alagoas e ora radicada na cidade de São Paulo (SP).

A audição do álbum soa como anticlímax pelo fato de a melhor das dez faixas, Boneca selvagem (Givly Simons e Dinho Zampier), já ter sido previamente divulgada em janeiro. O toque da guitarra de Manoel Cordeiro – músico paraense presente em outras três músicas do repertório essencialmente autoral – e até a voz de Chay Suede, pronunciando o nome da banda à moda das gravações de bandas do Norte, dão charme adicional ao tema. Mas o charme e o suingue ficam menos sedutores à medida que avançam as dez faixas do disco.

Lançado neste mês de fevereiro de 2017, Swing veneno surte efeito reduzido no ouvinte porque músicas como Jaqueline (Givly Simons, Dinho Zampier e Fábio Mozine), Melô do beijo (Givly Simons e Dinho Zampier) e Melô do futuro (Givly Simons e Dinho Zampier) ostentam pobreza melódica, sendo que Melô do beijo e Melô do futuro ainda sobressaem pela cadência ligeiramente mais envolvente. Por mais que o som da dupla esteja calcado nesse suingue, o sucessor do álbum Lambada quente (2015) resulta insosso na maior parte do tempo, sobretudo em faixa demasiadamente longa como Lambada das nações (Givly Simons, Dinho Zampier e Fábio Mozine).

A intenção de extrapolar as fronteiras do Norte do Brasil e ir além da lambada (e da guitarrada) fica explícita no título de Viva la cumbia (Givly Simons e Dinho Zampier), mas a incursão pelo ritmo colombiano é insuficiente para disfarçar a linearidade da produção musical capitaneada por Dinho Zampier. A dupla usa uma fórmula musical à exaustão. A apropriação cultural do refrão do rock Não há dinheiro que pague (Renato Barros, 1968) – sucesso de Roberto Carlos na fase pós-Jovem Guarda – tampouco redime o disco. Salva-se, com boa vontade, o balanço de Acho que tô legal (Givly Simons, Dinho Zampier e Rafa Moraes), muito por conta do toque da guitarra de Rafa Moraes.

 

Fonte: Portal G1 - Foto: Divulgação

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